segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Estou apaixonado por vocês
Neste mês de outubro, a Revista Andros está completando 14 anos!!

E nesses anos todos, quantas vezes recebi agradecimentos, votos de felicidades e nunca tive como e realmente agradecer o bem que me fazem? Sim, muitas dizem que sou um alento, que depois que começaram a ler o site, mudaram completamente suas vidas.

E quantas vezes acompanhei esta mudança, recebendo emails não com dores e sofrimentos, mas com alegrias, aquela coisa boa de renascer, de ver que a vida vale sempre a pena.

Quer coisa melhor do que uma leitora ter me mandando um email contando que estava pensando em se matar, mas que depois que leu uma matéria minha, me confessou que se sentiu tão ridícula, que não sabia se ria ou se morria de vergonha?

Melhor ainda foi saber que depois de alguns meses ela me escreveu contando que estava trabalhando, voltou a estudar e, o melhor de tudo, voltou a ser uma mulher linda, com amor pela vida!!!

E outra mensagem, de um rapaz com pouco mais de vinte anos, contando que havia recuperado o desejo de viver: "Cara, você salvou minha vida!"

E como é bom saber disso, meu Deus! 
Como isso faz um bem imenso para o meu ego. 
Sim, a modéstia não faz parte do meu dicionário, mesmo!

E como fico radiante quando recebo convites para formaturas. Nunca pude ir em nenhuma, mas eu guardo na mente as imagens, como a foto de uma leitora, segurando o canudo, com um sorriso imenso nos lábios.

Ainda me lembro quando escrevi minhas primeiras matérias. Parece que foi hoje que resolvi criar o site, nem tanto para ser um sucesso, mas para colocar para fora o que estava me matando por dentro. Não imaginava que fosse ter tantas leitoras, passar horas e horas do meu dia escrevendo e respondendo os emails que todos os dias.

 E apesar de minha rabugice, agradeço a Deus por lotarem minha caixa de entrada.

Na primeira vez que fui conferir o número de visitas, a quantidade era tão, mas tão pequena, que se não fosse pela necessidade de escrever, juro, teria desistido de imediato.

Foram menos de 60 visitas!

Vou contar um pouco sobre este começo.
Até 1997 eu trabalhava como fotógrafo profissional, tinha meu estúdio todo equipado, no Alto da Moóca, dava aulas em uma grande escola de arte, por isso ganhava muito bem. Eu era meu patrão, fazia dois ou três trabalhos por dia, e quando tinha uma folga corria para o Juventus e ficava por lá, nadando, tomando banho de sol. Um dia resolvi que não estava mais fazendo o que realmente me dava prazer. Estava de saco cheio daquele mundinho...

É uma longa história que prefiro não entrar em detalhes.

Para somar, minha ex-esposa acabou engravidando, e para mim era fundamental mudar para algo mais sólido. Era aquela coisa de virar pai, de começar a construir algo para o meu filho tão amado. Então, entrei em uma sociedade e abrimos uma distribuidora de bebidas, uma adega que tinha mais de 120 metros quadrados, com centenas de caixas de cerveja, refrigerantes, vinhos etc . Pois bem, tudo ia maravilhosamente bem, o negócio ia crescendo sem parar, até que num belo dia acordei e me descobri falido!!!

Não importa de quem foi a culpa, mas eu fiquei sem um centavo nos bolsos, com ordem de despejo, e, claro, sem minha ex-esposa. Mas não a condeno porque ela fez o que achava melhor naquela época.
E o que me confortava nestas horas? O site. Olha, para ser bem sincero, teve um tempo que as únicas pessoas que ainda viam algum valor em mim eram as poucas leitoras. E aqui entre nós: sem um puto no bolso, morando em uma casa onde só fiquei com um sofá-cama e uma televisão, foi graças a vocês que não entrei em parafuso.

Só para terem uma ideia, eu arrumei um emprego como suporte técnico, em um call Center, para ganhar uma miséria por mês. Meu almoço e jantar se resumiam ao famoso "cheese -mickey-mouse" das barraquinhas do centro de Sampa, que custavam 50 centavos na época.

 Ah, sim, com um real ainda dava para beber um refrigerante Xereta, sabor limão.

Eu ficava só com um pouco de grana para me manter, e passava uma fome dos infernos. Churrasquinho de camelô, feito com algo parecido com carne era um deleite para minhas papilas gustativas.

Mas até que teve um lado bom, porque eu conheci todo tipo de comida vagabunda que alguém pode encarar.Tirando duas infecções intestinais, daquelas que você sente a alma saindo pelo traseiro, até que foi legal...

Mas não tinha galho, porque a grana para pagar o provedor era sagrada.

E mesmo me ferrando por mais de dois anos, na maior miséria, mesmo batendo aquela vontade de chorar, de bater a cabeça contra a parede, muito do que eu escrevia, muitas daquelas bofetadas, daquela revolta toda era para mim. Eu que achava que estava escrevendo para ajudar alguém, não percebia que quem mais precisava do meu remédio era exatamente eu, não é doideira demais?

E quando eu achava que estava fazendo algum bem dando conselhos, eram vocês que me elevavam com seus elogios, suas palavras de conforto. Sim, porque sobraram apenas alguns raros amigos. Aliás, com esta experiência eu aprendi muito - principalmente que algumas pessoas acham que miséria é contagiosa. Só que eu não chorei e não aceitei me ferrar sem lutar. Eu tinha ódio, tinha muita raiva, mas não chorava. Claro que no fundo eu precisava mesmo era colocar tudo pra fora, mas não dava!!!

Eu perdi todas minhas lágrimas!!!

E nos momentos que me sentia fraco, para onde acha que eu corria para recuperar minhas forças? Nos braços de vocês, caramba!!!! Puts, eu recebia fotos e até declarações de amor!!

Eu era importante na vida de pessoas que nem sabiam como era meu rosto!

Então, agora que estou muito mas feliz, ainda rabugento e lutando cada vez mais para crescer, olho para minha vida e só vejo coisas boas. Tenho uma esposa maravilhosa. Não, não tem nada de exagero, porque se tivesse uma palavra maior que esta eu usaria. Ela é meu porto-seguro, minha linda, minha esposa e muito mais que isso: minha maior amiga. E meu filho é lindo, meu maior presente, um garoto de coração grandioso, cujo único defeito é me matar de saudades.

Tudo caminha cada vez melhor, meus livros estão vendendo cada vez mais ( viva!!!!) e não precisei mudar meu estilo de escrever para agradar ninguém.

VOCÊS MUDARAM MINHA VIDA!

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4 comentários:

Tia Rosi disse...

Que tal nos presentear com um novo e-book ?

Rose disse...

Escreve mais um livro Dr... please please!!!

Anônimo disse...

Que história! Muito legal.

Paulo Almeida disse...

JÁ ESTOU ESCREVENDO. DEVO TERMINAR EM FEVEREIRO

O VÍCIO DA ILUSÃO